Cama de Gato: Entrevista - Marcos Palmeira

01-10-2009 19:27



Entrevista: Depois de se frustrar com a TV, Marcos Palmeira volta às novelas em "Cama de Gato"

Frustrado com a televisão. Era assim que Marcos Palmeira estava até que sua mulher, a diretora Amora Mautner, fez chegar a ele a sinopse de “Cama de Gato”, a próxima novela das 18h da TV Globo. Depois de se apaixonar pela história, ele retorna à televisão com as esperanças renovadas e completamente apaixonado pelo personagem, o arrogante Gustavo Brandão - um dos protagonistas, ao lado de Camila Pitanga, Paola Oliveira e Carmo Dalla Vecchia.

Babado: Você comentou que foi a Amora que te convenceu a fazer a novela. Como foi isso?

MP: Eu estava muito reativo a televisão. Mas a Amora me deu a história da novela para ler e disse: ‘Olha que sinopse interessante’. Eu tinha acabado de fazer “Três Irmãs”, na TV Globo, e não queria fazer mais nada. Aí, eu peguei e li sem parar. Ao final, brinquei: ‘Pô, uma sinopse dessa não aparece para eu fazer, isso ninguém me oferece. E é uma dessa que eu gostaria de fazer’. E ela retrucou: ‘O Ricardo [Waddington, diretor-geral da trama] mandou para você ver se gosta e se quer fazer’.

Babado: Como é trabalhar com ela?

MP: É tranqüilo. Eu já tinha feito “Celebridade”, na TV Globo. Ainda não estávamos casados, mas trabalhamos juntos. Também fizemos “Três Irmãs”. A Amora é uma grande diretora, muito detalhista, tem uma preocupação com a estética muito grande.

Babado: Você chegou a dizer que estava frustrado com a televisão. Por quê?

MP: Às vezes, você cria uma expectativa e a coisa não acontece. Faz uma novela e não consegue contar a história dela. Essa, por exemplo, se eu parar para contar, consigo dizer sobre o que é a história. A última novela que eu fiz, “Três Irmãs”, não sabia dizer do que se tratava. Não tinha uma dramaturgia forte. Eu gosto de fazer televisão, mas é uma estiva, um trabalho pesado. Se você não está ligado a um prazer total é até divertido você ir, encontrar os amigos, mas não consegue passar nada além daquilo. Agora, estou tendo a oportunidade de vibrar com o meu trabalho.

Babado: Já aconteceu de você pensar em abandonar a carreira artística?

MP: Às vezes... Sim. Mas eu amo o que faço e sinto que é mais forte do que eu. Senão, essa sinopse não me pegava como me pegou. O meu lado ator e a vontade de representar falaram mais alto. Então, acho que eu ainda tenho algumas coisas para fazer.

Babado: O que te pegou neste personagem?

MP: Foi um personagem maravilhoso que caiu na minha mão. É muito rico, com uma pegada muito forte: um cara arrogante, prepotente, que foi pobre e ficou rico. O melhor amigo tenta armar uma situação para que ele resgate alguns valores, mas dá errado. A mulher que ele ama tenta matá-lo. Tem toda uma riqueza em volta dele, e a história de se redescobrir para resgatar valores e descobrir que a vida é mais simples do que ele imagina. Na verdade, é um alerta para que as pessoas não se deixem cair na ilusão da fama, do sucesso ou do dinheiro, em qualquer área ou em qualquer profissão. É muito interessante.

Babado: Você já passou por alguma reavaliação deste tipo?

MP: Eu tenho a impressão de que nunca caí nessa cilada. Por mais que eu tenha tido uma carreira com uma continuidade, seja um cara privilegiado dentro da minha profissão, nunca achei que isso fosse a coisa mais absoluta. Não sei se tem a ver com a minha vida ligada a agroecologia ou à relação com os índios, mas a minha própria formação nunca deixou que eu me levasse por isso. Já tive grandes sucessos, grandes fracassos, e consigo não ser um Gustavo Brandão. Mas entendo ele. Por não ter uma formação, acabou sendo um cara que tem só essa ambição de ser rico. A pobreza para ele está ligada à humilhação.

Babado: O que vai fazer o público torcer por ele?

MP: Primeiro, não me coloco como mocinho, não estou preocupado com isso. Depois, quero contar da melhor maneira possível essa história. Esse cara tem um conflito. Quanto mais verdadeiro eu for, acho que vai ser menos difícil. Mas se eu me preocupar com o que vai ser o resultado, já vou estar adiantando uma situação onde eu saio do meu foco. Como o público vai reagir, tem a ver com o que está em torno, com a maneira como está sendo contada a história. Mas eu não vou me preocupar com isso. Senão, vou cair na cilada de que eu preciso ser um galã, e não é por aí. Não tenho nenhuma preocupação com isso, nem esteticamente nem dentro da história.

Babado: Como você se preparou para o personagem?

MP: Eu li um livro sobre perfumes, mas vou fazer com o que eu acho que esse cara tenha se tornado. É uma coisa intuitiva. Ele não é um grande estudioso da perfumaria, é um cara intuitivo. Ele identifica uma essência no meio de todo mundo.

fonte: babado


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